Quem Somos

Durante uma caminhada a Fátima, (2009, 2010?) surgiu uma proposta, sabendo-se de antemão, que a forma habitual de resposta dos elementos deste grupo a um desafio é: Sim, o quê? ou quando se diz, Mata-se, logo aparece alguém a dizer Esfola-se (este exemplo não é lá assim muito adequado à situaçãoe ao tema, mas enfim…) uma proposta como atrás se dizia: Vamos a Santiago de Compostela a pé, de mochila às costas?

Não foi preciso muito, para se andar à procura de informação, mochilas, calçado, sabão azul,  tudo o que fazia falta para tal empreitada. E, como o logo o assessor militar determinou, e bem: “instrução dura, guerra fácil”, lá metemos as mochilas, a brilhar de novo, às costas, e fizemo-nos ao treino.

De Castelo Branco aos Maxiais e vir, numa canícula brutal. Mas deu para perceber o que nos esperava. Todos estavam habituados a grandes caminhadas a Fátima, mas sempre com carros de apoio por perto, com o peso apenas da roupa que se trás no corpo. Para Santiago seria, completamente diferente: em autonomia. O que se levava a mais, carregava-se “no lombo” fossem bolos, roupas de noite ou desodorizantes.

Por uma série de condicionantes, só podíamos fazer quatro etapas, de 10 a 13 de Junho de 2010: Valença-Redondela, 35 Km; Redondela-Briallos, 39 Km; Briallos-Teo, 31 Km; Teo-Santiago, 12 Km. De Castelo Branco a Valença, na véspera dia 9, iríamos em carros, que ficariam na casa do Zeca, devisdo a um conhecimento comum. De Santiago a Valença, no regresso, usaríamos o comboio.

E assim foi. Mil e uma histórias. Logo no albergue em Valença, a abarrotar de gente, está escrito no caderno, depois de uma noite com muitos sopranos: “pensava eu que era a figura principal da orquestra de sopro, mas não passo de um reles amador”
Ou a história da personagem já referida, Zeca, e que levou alguns de nós, depois de deixarmos os carros nas garagens que ele arranjou, a um Bar no mínimo muito particular. Uma inesperada forma de começar uma peregrinação.

No caminho, logo nos confrontamos com a beleza, a diversidade, a entreajuda, os encontros e conversas com outros peregrinos ou locais, com a dureza por estar a chover e serem muitos quilómetros por dia, com os albergues e as refeições, o estarmos apenas dependentes de nós. O desespero, por cansaço, e querer-se voltar atrás e não se deixar, o não ter lugar num albergue (Teo) por esperteza saloia de outros peregrinos e ser a protecção civil a disponibilizar um pavilhão (e algumas das nossas peregrinas passearem-se num carro da policia)

O carimbo de Tuy, difícil de obter, mas que mão providencial e curiosa, encontrou numa gaveta; Porra para Porriño; Redondela;  as fabulosas Rias; as cañas; as borregas em Briallos, onde os homens são todos uns paridos;  
E o prazer de chegar a Santiago, e tal como tantos e tantos peregrinos em 800 anos partilhar a mesma emoção. No caderno está escrito “quanta memória histórica esta catedral guarda ao longo de tantos séculos”


E agora? Agora voltamos para o ano, com mais tempo e procurar andar, sempre que possível, apenas de manhã.

Segundo ano, 2011: Valença-Redondela; Redondela-Pontevedra; Pontevedra-Caldas del Rey; Caldas de Rey-Teo (que não foi); Teo-Santiago

Este ano, por não ser Xacobeo, menos gente. Em Redondela, depois de um jantar bem comido e bem bebido, e até com desmaios (o xoaquim empregado do restaurante declarou que a Piedade devia pagar mais para compensar o susto que pregou a quem estava no restaurante) o outro Xquim (o nosso) preparou-se para discursar no auditório do albergue:

Temos que nos organizar e constituir uma associação, que tenha por finalidade organizar caminhadas como esta. Ainda hoje não se sabe se foi a qualidade do discurso, os muitos licores de hierbas, ou até os dois juntos, o que é verdade é que todos concordamos. E ali, foi constituída a CONFRARIA DOS CAMINHOS. Como se pode apreciar no desenho que se segue, com hora, texto, assinaturas e tudo.



Paula Marques, Joaquim Branco, Carlos Matos, Benvinda Monteiro, Fernando Gaspar, Piedade Gabriel, Conceição Branco, Jaime Matos, José Manuel Machado. Ficaram estes, como as mães e pais da criança.

E este dia, ficou assim registado no caderno: “grande grande dia, um verdadeiro dia de peregrinação. Dureza, desânimo, dor, riso, boa disposição…tudo. Quando no caminho nos questionamos o que estamos ali a fazer, a resposta é fácil: por tudo isto. Por saber que contamos uns com os outros, nos maus e nos bons momentos. E hoje, como seria natural, houve de tudo” Fim de citação.

E mais um ano cheio de histórias, como as das peregrinas que perguntam ao nosso ciclista se tinha uma navalha, ao qual ele lhes respondeu que tinha lá tudo o que elas precisavam. Mais tarde viemos novamente a encontra-las e caminhar algum tempo juntos. As tardes de tapas e licores em Pontevedra e Caldas del Rey.  O Domingos do Porto, peregrino de muita conversa e que confessou ao Xquim que andava a tentar converter a companheira de caminhada, ou a canadiense que tinha voado propositadamente de Toronto ao Porto para fazer este caminho, ou…


Em 2012, o grupo voltou novamente à Galiza, com menos uns e com mais outros, porque estas coisas são mesmo assim, e desta vez para fazer Santiago-Finisterra-Muxia. Ano de muita chuva e tb muitas histórias que terão de sair de outro caderno.

E, finda esta etapa, novamente se põe a questão: e agora? Agora? Vamos da porta da nossa casa até Santiago de Compostela. De Castelo Branco a Santiago. 500 Km para fazer sem pressas!  

Não sem, a Confraria, já devidamente escriturada no Registo e no restaurante,


















passar a espalhar regularmente a boa disposição por onde existem belas caminhadas: Jarandilla de La Vera, Alpedrinha, Nisa, Porto de Vacas, Malpica, Gouveia, Fátima, ...
Fazendo jus a um dos seus (muitos) lemas: Não te limites a passar pelo caminho, deixa também que o caminho passe por ti.

Castelo Branco, Portugal. Dezembro de 2012




3 comentários:

  1. Bom dia.

    Gostava de saber se no Vosso grupo alguém tem, ou se existe tracks/GPS para BTT do caminho de Santiago a partir de Castelo Branco.

    Atenciosamente.

    João Rodrigues

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  2. Olá,
    Também fiz o Caminho em 2010, e gostaria de saber se me posso juntar a vós.
    Vítor Amaro

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  3. Como me posso juntar á confraria? Já fiz o caminho e gostaria de saber se é possível.

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